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Renata Feldman

Pausa pra pensar na vida. Vida com todas as letras, dores, amores, escolhas, emoções e imperfeições. Vida cheia de encontros e desencontros, medo e coragem, partida e chegada. A vida cabe num blog.

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16 de julho de 2019 por Renata Feldman
10 Comentários. Deixe o seu também.

Vivemos tempos pós-modernos, cheios de “ades”: individualidades, efemeridades, “automaticidades”, “celularidades”. (Já inventaram até aplicativo pra você ver como vai ficar em avançada idade, está “bombando” por aí.)

Neologismos à parte, às vezes almoço sozinha e a experiência acaba sendo  um prato cheio. Na pausa sagrada do meu dia também corrido, repouso os talheres para comer devagar, como recomenda a nutricionista, e me ponho a observar as pessoas. Talvez por vício da profissão ou simples curiosidade (típica do meu signo), vou passeando o olhar por entre as mesas, ouvindo o burburinho de  conversas e  risadas, o silêncio entre alguns casais compenetrados no seu arroz com feijão, os inconfundíveis apitos de WhatsApp.

Foi num desses  dias que tive o prazer de conhecer Dona Neide. Tão dona de si do alto dos seus 90 anos, tão  delicada e espontânea na sua maneira de se aproximar de mim e pedir para dividirmos a mesa. “Claro, por favor, fique à vontade!…”

No inusitado desse almoço sem hora marcada saboreamos uma prosa boa, olhos nos olhos, ao vivo e em cores. E aí eu descobri, pergunta lá, pergunta cá, que ela é viúva há 40 anos. Mora sozinha, almoça sozinha, seus filhos vivem em São Paulo e quando vêm visitá-la é uma festa. Perguntei se ela não quis arrumar namorado, a resposta veio ligeira: “Eu não. Namorado só o meu marido, grande amor da minha vida. O jeito vai ser ele me esperar pra gente voltar a namorar. Um dia.”

Parei os olhos na graça que é Dona Neide. Cada palavra, cada ruga, cada fio de cabelo branco; o jeito de vestir, de falar, de conversar com aquela estranha bem ali à sua frente. Do alto dos meus 45 anos, metade do caminho, me senti  privilegiada.

Quer saber? Me deu uma alegria  (nesses tempos de tanta efemeridade) ouvir que algumas coisas nessa vida permanecem. Me deu uma saudade da minha avó, que se foi tão cedo e este ano faria 99 anos. (Ah, eu daria tudo pra almoçar com ela.) Me deu vontade de ser igual à Dona Neide quando eu crescer. (Deus só me livre e guarde da parte da viuvez, como pode um amor ir embora assim tão cedo?)

Coisas assim, bem assim, que o coração sente e aplicativo nenhum é capaz de inventar.

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Arquivado em: Amor, Vida
Marcados com: alegria, envelhecer, saudade, tempo

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Comments

  1. Cesar Vieira says

    16 de julho de 2019 at 16:12

    Muito obrigado, querida Renata, por este lindo post sobre a simpática e sábia D. Neide, uma lição para todos nós.

    Responder
    • Renata Feldman says

      16 de julho de 2019 at 19:50

      Que bom que nessa vida a gente está sempre aprendendo um pouco mais, não é?
      Abraço carinhoso!

      Responder
  2. Dalmir Carneiro Trotta says

    16 de julho de 2019 at 16:48

    Amei. Beijos.

    Responder
    • Renata Feldman says

      16 de julho de 2019 at 19:51

      Ahh, coisa boa te ver por aqui!…
      Abração, querido professor!

      Responder
  3. Sara Mourāo Monteiro says

    17 de julho de 2019 at 12:36

    Ai, e eu aqui com vontade de ter participado desse almoço e de ter conhecido D.Neide. Mas lendo esse texto lindo, aproveito para matar a saudade de você! Bjs Sara

    Responder
    • Renata Feldman says

      17 de julho de 2019 at 13:58

      Sara, querida, transmissão de pensamento, “te chamei” e você veio!… Esses dias me lembrei de você, com um carinho imenso!… Espero que esteja tudo bem por aí!…
      Beijos, saudade!

      Responder
  4. Angela Belisário says

    19 de julho de 2019 at 09:47

    Olá, belo texto, garanto que foi um senhor banquete esse, pelo pouco que te conheço tenho certeza que fosse bem demorado para usufruir de todos os aprendizados da dona Neide.
    Abraços, Angela.

    Responder
    • Renata Feldman says

      19 de julho de 2019 at 10:37

      Foi um banquete de palavras, Angela!… Ficaria horas conversando com D. Neide, mas o danado do relógio acabou interrompendo a prosa… (Prosa tão boa quanto aquelas que tínhamos na FUMEC, lembra?) Saudade!

      Responder
      • Angela Belisário says

        6 de agosto de 2019 at 13:39

        Logo que entrei na FUMEC tive uma colega com esse nome, por coincidência era viúva, tive sua companhia por pouco tempo, mas me valeu muito. Enquanto lia seu texto ela me veio a memória, pois adorava conversar assuntos variados. Bjs

        Responder
        • Renata Feldman says

          10 de agosto de 2019 at 23:09

          Muita “Deuscidência”, Angela!… Com esse nome e estado civil, é muito provável que tenha sido mesmo a D. Neide!… Adoraria ser professora dela também. E arrisco a dizer que seria eu quem mais iria aprender!…
          Abraço carinhoso!

          Responder

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