• Início
  • Apresentação
  • Clínica
  • Livros
  • Palestras
  • Entrevistas
    • TV
    • JORNAL
    • RÁDIO
    • REVISTA
  • Pesquisas
  • Artigos
  • Contato

Renata Feldman

Pausa pra pensar na vida. Vida com todas as letras, dores, amores, escolhas, emoções e imperfeições. Vida cheia de encontros e desencontros, medo e coragem, partida e chegada. A vida cabe num blog.

  • Amor
  • Família
  • Autoestima
  • Trabalho
  • Vida
  • Homens
  • Mulheres
  • Mães
  • Filhos

Por quê?

15 de novembro de 2017 por Renata Feldman
18 Comentários. Deixe o seu também.

Andei conversando com Carlos Drummond de Andrade e me juntei a ele nesta doída pergunta:

“Por que Deus permite que as mães vão-se embora? (…)

Mãe, na sua graça é eternidade.

Por que Deus se lembra – mistério profundo – de tirá-la um dia? (…)”

Se para todos os filhos do mundo esses versos traduzem  emoção e verdade, o que dizer daqueles que perdem suas mães muito cedo? Quando os braços ainda são curtos para abraçar e os olhos ainda não viram tudo o que essa vida tem para ensinar; quando voltam da escola ávidos por tagarelar as notícias, contar como foi a prova, mostrar o joelho ralado no futebol; quando começam a nascer as primeiras espinhas, o primeiro amor, os problemas que vão muito além da matemática.

Mãe é especialista em amar, ad aeternum, não importa a idade dos filhos. Mas quando eles são pequenos, mais presente e rotineiro esse amor se mostra. É bom dia, boa noite, cobertor para proteger do frio; é colo, acolhida, para-casa, para-vida, livro de histórias, reza antes de dormir; é sim, não, limite; é remédio, leite morno,  despertador, médico, dentista;  é ensinamento, puxão de orelha, cinema, cafuné. Hora do banho, cortar a franja, cortar as unhas e as asinhas. É emoção na formatura, torcida pra vida inteira, amor que não tem tamanho.

Pai também merecia um poema à parte, eu sei. Seu lugar é nobre, de uma preciosidade igual. E que bom que ainda tem ele quando uma mãe parte cedo demais. Pai é grandeza, amor e força, tudo o que os filhos precisam para continuar apesar do pedaço que falta.

Chamei Drummond pra conversar depois de uma notícia triste assim. Difícil de receber. Cheguei ao velório tentando buscar, em meio à dor conjunta, coletiva, alguma explicação que pudesse me dar um pouco mais de entendimento. Não encontrei. O cortejo seguiu em silêncio, um silêncio arranhado. Atrás dos homens que carregavam honrosamente o caixão, um menino e uma menina seguiam como podiam, nenhum braço a lhes envolver os ombros, nenhuma mão a segurar as suas. Olhei para eles com especial compaixão e carinho e, quase me faltando a lucidez, pensei: “Meu Deus, cadê a mãe desses meninos?”

Era por ela que estávamos ali, reunidos. Ela dela que nos despedíamos. Seu filho, amigo do meu, menino querido que quando adentra a minha casa é pura luz e alegria, tinha os olhos afundados de tanto chorar.

Por quê? Por quê? (…) Algumas perguntas ficam sem resposta, mas os filhos jamais ficam sem mãe, tenho certeza. Muda a rotina, muda a vida, muda tudo. Mas como bem disse o poeta, “Mãe, na sua graça é eternidade.” Permanece viva, para sempre, no coração, iluminando lá de cima, cobrindo de amor – feito cobertor – quem aqui ficou.

Compartilhe no Facebook! Compartilhe no Twitter!

Relacionados

Tragicômico Receita do Amor em Pedaços problemas e PROBLEMAS Quero ser Peter Pan quando crescer

Arquivado em: Família, Filhos, Mães, Vida
Marcados com: Deus, eternidade, falta, mãe

Seu comentário é muito bem-vindo Cancelar resposta

* Campos obrigatórios. Seu endereço de e-mail não será publicado.

Comments

  1. Cláudia says

    16 de novembro de 2017 at 09:08

    Como sempre fazendo reflexões lindas. Como é difícil perder….

    Responder
    • Renata Feldman says

      16 de novembro de 2017 at 15:05

      Obrigada, Cláudia. A gente precisa mesmo refletir para dar conta do coração.
      Seja bem-vinda, volte sempre!

      Responder
  2. Cesar Vieira says

    16 de novembro de 2017 at 09:27

    Ainda bem que nós estaremos por mais tempo com nossos filhos do que nossos pais estiveram conosco, prezada Renata.

    Responder
    • Renata Feldman says

      16 de novembro de 2017 at 15:06

      E que esse tempo seja vivido da melhor forma possível, Cesar. Com a preciosidade que lhe é peculiar.
      Abração!

      Responder
  3. Selma M, R. ARAÚJO says

    16 de novembro de 2017 at 11:22

    Nossa Renata, que tristeza, que sofrimento! Penso que filho não tem idade para ficar órfão… . ???

    Responder
    • Renata Feldman says

      16 de novembro de 2017 at 15:13

      Haja coração, Selma. A qualquer tempo já é doído, mas na infância a falta se alarga, se amplia…
      Abraço carinhoso!

      Responder
  4. Cláudia says

    16 de novembro de 2017 at 16:15

    Tão triste….e tão lindo. Obrigada querida por este tempo dedicado ao menino e a menina que seguiam o cortejo.

    Responder
    • Renata Feldman says

      16 de novembro de 2017 at 17:21

      Claudinha querida… Eles merecem todo o tempo e amor do mundo.

      Responder
  5. Márcia says

    16 de novembro de 2017 at 20:17

    Dor que dilacera qualquer coração … Imagina o destas crianças – coitadinhas !!!

    Responder
    • Renata Feldman says

      17 de novembro de 2017 at 17:56

      Sim, Márcia. Mas com a dor também vem uma força, um sopro de vida que os conduz para frente. E, assim, podem crescer homenageando a mãe com tudo de bonito que viverem e fazerem.
      Beijo, querida!

      Responder
  6. Cidinha Ribeiro says

    16 de novembro de 2017 at 20:59

    Hoje me lembrei de minha mãe, Renata. Morreu velhinha, mais de noventa anos. (Você esteve lá.) Mas, como me faz falta… Queria tanto que ela estivesse aqui! Me lembrei dela ouvindo as músicas que ela cantava. Tinha uma voz linda.
    Sinto que, ao perder nossa mãe, ganhamos uma forma nova de ser triste, uma tristeza mansa, que chega para uma visita rápida e fica para o jantar.
    A verdade é que nos tornamos eternos carentes, mesmo que em meio à abundância.
    Sinto muito pela criança que perdeu sua mãe tão cedo, Renata. Nem adianta lhe dizer que a mãe virou estrelinha. Existem noites sem estrelas visíveis no céu. Como alimentar a ilusão, enganar a solidão?
    Depois de bem velhinhas, mães deveriam ter um paraíso aqui mesmo, logo ali, ao alcance de nossa saudade.

    Responder
    • Renata Feldman says

      17 de novembro de 2017 at 18:07

      Cidinha querida, cada palavra sua, escrita com o coração, vira poema dentro da gente. De uma lindeza só, ver o tanto de saudade e o tanto lindo de mãe que vive em você.
      Muito obrigada!

      Responder
  7. Junia Sábato says

    18 de novembro de 2017 at 07:09

    Lindo texto que cala fundo. Parabéns, Renata, por nos fazer sentir o que vai na alma , num momento assim. Você é especial.Que Deus abençoe esse dom, sua alma generosa e sábia. Bjs

    Responder
    • Renata Feldman says

      18 de novembro de 2017 at 15:14

      Amém, Junia querida! Se eu não escrever acho que passo mal!…
      Muito obrigada por cada palavra sua.

      Beijo!

      Responder
  8. Vera Mesquita says

    18 de novembro de 2017 at 22:07

    Que tristeza, Renata! Pobres dessas duas crianças!

    Como é difícil entender esse mistério! Deus leva a mãe, deixando os filhos sem chão, sem ar, sem luz… Numa escuridão sem fim!

    Mas depois, como que por um milagre, a dor vai amenizando e Deus permite que a mãe continue para sempre no coração do filho.

    Muito lindo e emocionante o seu post! Parabéns, querida!

    Responder
    • Renata Feldman says

      19 de novembro de 2017 at 16:50

      Os mistérios dessa vida são mesmo difíceis de decifrar, Vera. Tão difícil entender, tão fácil sentir. Busco minha rima preferida e insisto na grandeza do amor, muito além da dor, pra gente criar força e seguir em frente.
      A mãe desses meninos continua desde sempre através deles, e isso é de uma riqueza profunda.
      Muito obrigada, querida. Beijo carinhoso!

      Responder
  9. Angela Belisário says

    23 de novembro de 2017 at 12:19

    Nossa lindo texto,.
    Suas mensagens nos fazem pensar e refletir sempre no cotidiano.
    Bjs

    Responder
    • Renata Feldman says

      23 de novembro de 2017 at 14:38

      Obrigada, querida. A vida está sempre conversando com a gente…
      Beijo carinhoso!

      Responder

Convite

Faça deste blog um espaço seu. Para rir, chorar, pensar, interagir. Seus comentários são muito bem-vindos. Obrigada pela visita e volte sempre!

Post para você

Deixe aqui o seu e-mail e receba os posts do blog diretamente na sua caixa postal.

Veja sua caixa de entrada ou pasta de spam para confirmar sua assinatura.

Busca

Direito autoral

Os textos deste blog são de autoria de Renata Feldman. Caso queira reproduzi-los, gentileza indicar o crédito (Lei Federal nº 9610, de 19/02/98)

Arquivo do blog

Posts favoritos

História de amor

Eles se gostaram, se enamoraram, se casaram. Combinaram de jamais perder o encanto, jamais desafinar o canto, jamais se perderem de vista. Criaram um ritual de comemorar o aniversário de [Ler mais …]

Angústia

Bolo no estômago, dor no peito, noites em claro. Quem nunca teve angústia que respire aliviado. Quando ela vem, não avisa nem pede licença. Arromba a porta da alma, paralisa os [Ler mais …]

Mergulho

A resposta pra tudo? Amar. Do jeito que se aprendeu a rimar até mesmo o que não tem rima. Sina, sino, sinto em mim a força e a brandura que [Ler mais …]

Presente

Não, você não está sozinho. Não é o único a colecionar traumas de infância, espinhas de adolescente, medos de gente grande. Se olhar pra trás vai enxergar um tanto de [Ler mais …]

Encontro marcado

Tomou um banho de horas. Shampoo, condicionador, esfoliante, óleo de maracujá para acalmar o mundo que costuma carregar nas costas. Pintou as unhas, passou perfume, hidratou as rugas, passou a [Ler mais …]

Rotina de trabalho

Trabalho no oitavo andar com vista pro mar. Entre uma pausa e outra, café com biscoito, descanso os olhos sobre o verde-azul infinito que decora o fundo de tela do [Ler mais …]

Falta

A história você já conhece: a gente nasce, cresce, envelhece e morre um dia. (Não necessariamente nesta ordem.) Mas o tal do morrer assusta, por mais “natural” que seja. É [Ler mais …]

© 2014 · Renata Feldman. Todos os direitos reservados. Design by Roberto Lopes.