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Renata Feldman

Pausa pra pensar na vida. Vida com todas as letras, dores, amores, escolhas, emoções e imperfeições. Vida cheia de encontros e desencontros, medo e coragem, partida e chegada. A vida cabe num blog.

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Mágoa de geladeira

1 de dezembro de 2014 por Renata Feldman
12 Comentários. Deixe o seu também.


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Brrrrrrrr.

O sol está rachando lá fora mas dentro de você faz frio. Menos quinze graus. Hipotermia aguda, febre invertida, endurecimento cardíaco.

Alguém te magoou um dia e esse dia não passou. Ficou congelado na sua memória afetiva, arranhando o coração, impedindo você de seguir em frente.

O que torna a mágoa tão pesada é sua composição emocional:  densas partículas  de raiva, tristeza, amargura, decepção. E o mais doído é de onde vem tudo isso: de alguém muito importante para você, na quase absoluta maioria das vezes. Caso contrário não doeria tanto.

Você pode ter tido todos os motivos do mundo para ficar mal com o que aconteceu. Alguém te feriu e você se machucou, não dava para ser diferente. Ou não, de repente o que houve foi uma coisa à toa, uma bobagem, mas você grudou no ressentimento igual piche no asfalto. Viche.

Qualquer que tenha sido o desencontro, o mal-estar, o problema é viver o resto da sua vida carregando essa dor que pesa os ombros e entorta a alma. Se foi com alguém da família, prepare-se para conviver com esta relação de pé quebrado nos almoços de domingo, comemorações de aniversário e encontros de Natal. Elimine a palavra abraço do seu vocabulário e agarre-se à televisão mais próxima. Se foi com alguém distante, torça para nunca mais lhe cruzar o caminho; e, se por acaso isso acontecer, atravesse imediatamente a rua.

Mágoa guardada é como água parada: dá lodo, mal cheiro, dá até dengue nos dias de hoje. Agora imagina isso aí dentro de você, fazendo estrago. Pior ainda quando é mágoa congelada, empedrada, com o prazo de validade vencido faz tempo. Faz mal, menino.  Faz a vida valer a pena, menina.

Feliz de quem sabe deixar para trás o que ficou lá atrás. Das mínimas picuinhas à mágoa maior do mundo, nada disso tem o poder de deixar você atravancado na vida, tropeçando na dor, remoendo esse gosto amargo de rancor.

Perdoar? Sim, o que não significa esquecer. Tem coisas que jamais se apagam, nem se inventarem a pílula da amnésia. Esquece. Mas perdoar para virar a página e encher de leveza a sua escrita, a sua vida, ah, isso não tem preço.

Um dia perguntaram a uma sobrevivente do campo de concentração se ela havia perdoado os nazistas. Ao seu sim veio a indagação surpresa do jornalista:

– Sim?!

– Sim. Eu perdoei por que eu precisava, porque eu merecia. Porque eu não poderia continuar aquela história dentro de mim.

O perdão envolve sempre uma outra pessoa, mas diz respeito essencialmente a você. É disso que se trata: seu bom dia, sua alegria, seu travesseiro, sua capacidade abençoada de seguir em frente.

Foi?

O sol está te chamando.

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Arquivado em: Amor, Família, Vida
Marcados com: decepção, mágoa, perdão

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Comments

  1. Aline Amaral says

    2 de dezembro de 2014 at 07:11

    Mágoa… deixe que ela se perca em um rio que deságua, na imensidão do mar. Aí é só esquecer, e só perdoar…
    Bjo!

    Responder
    • Renata Feldman says

      2 de dezembro de 2014 at 10:50

      Lindo encontro, esse do rio com o mar.
      Obrigada, Aline!

      Bj!

      Responder
  2. Madalena says

    2 de dezembro de 2014 at 09:53

    Lindo!!! E melhor ainda: oportuno!!! Valeu por partilhar e já estou compartilhando!! Obrigada Renata e um grande abraço.

    Madalena

    Responder
    • Renata Feldman says

      2 de dezembro de 2014 at 10:50

      Que bom que foi útil, Madalena!
      Muito obrigada, um grande abraço!

      Responder
  3. Aline Vieira says

    2 de dezembro de 2014 at 10:20

    Viver a vida leve realmente não te preço! Sorrir num dia de sol, depois de chorar dias cinzentos a fio é a melhor coisa do mundo! Belo texto! Acorda menino! Levanta menina!! Bjos no coração Renatinha!♡

    Responder
    • Renata Feldman says

      2 de dezembro de 2014 at 10:51

      Isso aí, menina!
      Beijo no coração, Aline!

      Responder
  4. Cristiane says

    2 de dezembro de 2014 at 11:04

    Sol? Cadê você? Se não abrir a janela, não vai entrar…

    Responder
    • Renata Feldman says

      2 de dezembro de 2014 at 14:28

      “Sol, derrete a neve que prende o meu coração…”
      Quase escuto, tirando lá do baú da infância, aquela clássica história da Formiguinha e a Neve.
      Lembra, Cristiane?
      Às vezes é assim que nos sentimos: presos, pequenos, frágeis…
      Que bom que há sempre um sol nascendo por trás da janela, transformando a paisagem…

      Beijos, querida.

      Responder
  5. Dalmir says

    2 de dezembro de 2014 at 14:39

    Parabéns, mais uma vez. Sempre Brilhante. Perdoe sempre e faça como eu: deixa a vida te levar… Seja Feliz e agradeça por tudo que Deus te deu e que ainda vai te dar. Renata, Deus te abençoe sempre. Beijos.

    Responder
    • Renata Feldman says

      2 de dezembro de 2014 at 17:56

      Muito obrigada, Dalmir.
      A vida não só nos leva como nos ensina muito, sempre.

      Grande abraço!

      Responder
  6. cecilia caram says

    2 de dezembro de 2014 at 17:14

    Re, seu texto me lembra que alguém me contou que minha xará Cecília Meireles disse que “A caridade é a canção de ninar a dor”.

    Fico aqui me indagando quantas vezes tive sucesso com o acalanto de minhas dores “agarradas”; o quanto soube, mesmo com demora, niná-las; o quanto fui caridosa comigo; o quanto me perdoei…

    Responder
    • Renata Feldman says

      2 de dezembro de 2014 at 17:58

      Que lindeza, Cecilia querida!…
      Seu depoimento é poema, homenagem e reflexão.
      Nossas dores precisam mesmo ser ninadas, acalentadas e amorosamente desgarradas de nós…

      Abraço carinhoso!

      Responder

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