Se você ainda não assistiu “O Palhaço”, do talentoso Selton Mello, dê um “pause” na leitura e vá se emocionar com esse filme que é cheio de poesia e graça. Depois voltamos a conversar, que é pra não estragar a surpresa.
Se você já assistiu, ajeite-se bem na cadeira e vamos lá, prosear sobre a vida. A vida sobretudo de um palhaço profundamente triste, esvaziado de alegria, a despeito de ser palhaço. (É. Acontece. Palhaço também é gente.)
Poderia gastar dez posts discorrendo sobre o talento desse moço que é tão competente naquilo que faz. Mas falando agora como psicóloga, e não só espectadora, confesso que fiquei impressionada com o tanto de tristeza que ele conseguiu passar pela tela. Uma tristeza pungente, doída, dessas que pesam a alma como se ela carregasse pedra. E agora não vou falar nem como psicóloga nem espectadora, mas ser humano simplesmente, reles mortal que também tem os seus dias de tristeza. Nunca vi um sentimento ser transmitido de forma tão fidedigna e contundente. Tristeza contagiante, paralisante (em alguns momentos paralisava até a minha mão dentro do saco de pipoca).
O detalhe lindo do filme é o nome do circo: Esperança. Parece um detalhe bobo, simples, mas cheio de sentido para um palhaço que não dava mais conta de fazer o público rir (“E quem é que vai me fazer rir?”, pergunta ele uma hora). Movido pois pela esperança de ver essa tristeza se transformar em alegria – alegria de viver, pura e simplesmente – Pangaré deixa o circo pra trás e vai em busca da vida. Da sua vida, que fique bem claro. Leva no bolso a certidão de nascimento amassada (única referência oficial dele mesmo) e trata logo de fazer sua carteira de identidade, tão fundamental pra se apresentar ao mundo e poder dividir em fraternas parcelas o sonho do seu primeiro ventilador. Ventilador que gira, refresca, que seca o suor do trabalho e lembra que o mundo é redondo e dá voltas – voltas que majestosamente surpreendem o público no final.
Mais do que um documento plastificado com número, foto e impressão digital, Pangaré estava em busca do que nós também buscamos construir, cuidar e amar uma vida inteira – nossa identidade.
Com doçura e encanto, poesia e canto, nosso querido Palhaço nos ensina o que eu tanto acredito: a vida tem uma capacidade maravilhosa de transformação.
A plateia pede bis.
Roberto Ojeda says
Pronto … parei de ler… Vou assistir neste final de semana sem falta. rs
Vick says
Lindo post, amiga, acho que o mais lindo de todos!
Apesar de achar que faltou algo de redondo no roteiro, AMEI o filme, amo o Selton Mello como ator, como diretor.
Sabe, tem uma cena que me deixou paralisada pela sutileza e delicadeza com que ele anunciou que ele tinha deixado o circo, mas o palhaço não o tinha deixado.
Vc reparou quando ele chega na loja de auto-peças? Ele usa sapatos normais, mas anda como se usasse sapatos de palhaço. Coisas do Selton Mello. Tinha que ser mineiro mesmo.
Renata Feldman says
Bom filme, Roberto! Depois você me conta!
Abraço!
Renata Feldman says
Adorei isso, amiga: “ele deixou o circo mas o palhaço não o deixou.” Não reparei na sutileza, taí um bom pretexto pra fazer valer o meu bis!
Beijos carinhosos, saudades!
Tatiana Cunha says
Emocionei-me novamente lendo o texto. Apesar de Selton Melo fazer sempre o mesmo papel, ele o faz de forma tão majestosa que até esquecemos desse detalhe. Em sua primeira atuação fora das telas supera-se até mesmo como o ator que já conhecemos. Um grande filme, belas músicas, realidades amargas e doces ao mesmo tempo, lembranças, sofrimento e felicidade. Tudo empacotado lindamente para essa nossa vida tão corrida que sequer pensamos direito se ainda conseguimos rir – ou fazer rir.
Um abração!
Renata Feldman says
Tatiana querida,
Que não nos esqueçamos nunca da alegria que é rir e contagiar o outro com o nosso riso; da emoção que é ir em busca da nossa identidade, da tal felicidade. Por menor que o tempo seja.
Abração!
Anonymous says
Renata, obrigado pela crítica feita ao nosso filme. Como é bom ler isso. Nos faz querer ir em frente.
Vick says
Anônimo, se vc for o Selton Mello, eu te amo. E isso não é apenas profissional. Rsrsrsrs
Solange S Vaintraub says
Renata…como já te disse no face, vc conseguiu escrever de uma maneira linda toda a doçura do filme!!! E pelo visto até o Selton aprovou suas palavras!!! bjo grande
Anonymous says
Poxa! Depois de ler vc aqui, Renata, vou correr ver o filme rs. Um bejão
Vera
Renata Feldman says
Querido “Anônimo”,
Abri um sorriso do tamanho de um circo quando li seu comentário aqui no blog.
Quanta honra, quanta alegria!…
Eu é que agradeço pela estimada visita.
Continue seguindo em frente, com esse talento que é um presente pra gente!…
Abração!
Renata Feldman says
Vick, independente no que que isso vá dar, já me considero “a” cupida.
Quem é que imaginava que o blog fosse servir de espaço pruma declaração de amor dessas?
(Rssss)
Beijos!
Renata Feldman says
Solange querida,
Fico muito, muito feliz com esse retorno tão cheio de carinho.
Muito obrigada!
Beijos!
Renata Feldman says
Corre, Vera, corre! Você vai AMAR o filme.
Depois volta aqui e me conta.
Beijos carinhosos!
Nanda Castro says
É A VELHA BUSCA DE QUAL O SENTIDO DA VIDA
Virginia Borja Pereira says
Renata querida. Você brilhando como sempre. Ainda não vi o filme, mas já está agendado para esta semana. Beijo. Parabéns. Virginia.
Renata Feldman says
Buscar o sentido da vida tem todo o sentido, Nanda.
Obrigada pela visita, volte sempre!
Renata Feldman says
Virginia querida,
Que alegria te encontrar aqui!
Muito obrigada pelo carinho, fico feliz com a sua visita!…
Depois me conta o que achou do filme.
Beijos carinhosos!
Anonymous says
Será?
PC
Renata Feldman says
Ah, PC, prefiro trocar a interrogação pelo ponto final. E não se discute mais isso. Viu?
Bjs
Anonymous says
Oi Rê,
Faz algum tempo que não leio o seu blog. Nessa tarde de domingo resolvi passear nas suas linhas. Você é poesia, sensibilidade e tudo de bom! A sua leitura sobre o filme “Palhaço” me emocionou.
Mulher de talento é você!!!
Sua cunhada que te admira,
Rosi.
Renata Feldman says
Rosi querida,
Que alegria te ver por aqui!…
Obrigada pelo carinho de sempre.
Isso me faz amar ainda mais a poesia que guardo dentro de mim.
Beijos com saudade!
Anonymous says
Rezinha,
fiquei com ainda mais vontade de ver o filme depois de ler o seu texto…e muito feliz em ver como o seu blog cresceu, encantou e já está dando muitos frutos!!! Com direito a visitas ilustres e tudo (adorei!)…
Depois de conferir de perto, também já troquei a interrogação pelo ponto final (rs). E com muito orgulho de ser sua amiga! Não é à toa que você é nossa MESTRA!
P.S.: Também fiquei ainda mais interessada em ler o livro da Martha, depois de ler seu post (adorei o presente). Já, já te arranjo o email, viu?
Beijos e parabéns,
Tiça
Renata Feldman says
Tiça querida,
Que alegria te encontrar também aqui!
Que delícia ver sua foto lá em cima, nos seguidores!…
O filme é mesmo encantador, eu apenas traduzi aqui um muito da sua beleza!
Obrigada pelo carinho de sempre, pela presença de tantos anos enchendo a minha vida de alegria!
Eu é que aprendo muito com amigas como você!
Muitos beijos,