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Renata Feldman

Pausa pra pensar na vida. Vida com todas as letras, dores, amores, escolhas, emoções e imperfeições. Vida cheia de encontros e desencontros, medo e coragem, partida e chegada. A vida cabe num blog.

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Dor de filho

29 de maio de 2022 por Renata Feldman
8 Comentários. Deixe o seu também.

Esse texto seria para o Dia das Mães, mas a mãe que o escreve chegou atrasada por aqui. O rascunho guardado na gaveta deu o ar da graça hoje, lembrando que alguns assuntos prescindem de datas comemorativas. São atemporais.

Filhos não vêm com manual, você certamente já ouviu esse clichê. Mães também não. É na prática que elas vão aprendendo a dar o peito, curar o umbigo, dar a raça, reconhecer o choro de fome, fralda, frio, dor.

Ah, a dor. De barriga, ouvido, dente, escola, tombo, luto. Dor de negociar a chupeta com o Coelhinho da Páscoa, de ouvir que a avó virou estrela, de lidar com a ausência do amigo que mudou de escola. Dor de crescimento, não detectada no raio-x do ortopedista.

E aí eles crescem, vão ficando fortes e autônomos, como deve ser. Mas não imunes a algumas dores que se infiltram no coração como água de chuva abrindo trincas na parede.

Barbra Streisand, em sua canção “If I could” (Se eu pudesse), traz alguns versos que aludem à dor de ver um filho sofrer: “Se eu pudesse, te protegeria da tristeza em seus olhos. Te daria coragem em um mundo de compromissos. Sim, eu o faria. Se eu pudesse. Te ensinaria todas as coisas que nunca aprendi. E te ajudaria a atravessar as pontes que queimei. Tentaria proteger sua inocência do tempo. Mas a porção de vida que eu te dei não é minha. Te vi crescer, então poderia te deixar ir. Se eu pudesse te ajudaria a superar os anos difíceis. Mas sei que nunca poderei chorar em seu lugar. Mas eu o faria. Se eu pudesse.”

Quantas mães não se juntariam para entoar esse canto? Hino de amor e pranto. Empatia doída que ao mesmo tempo esbarra na impossibilidade de uma ação prática, concreta. Nem remédio, bolsa de água quente, mertiolate ou antibiótico. Pretérito imperfeito do subjuntivo, o “se eu pudesse”. Dor de filho lateja nas quinas do coração. Ai. Como dói.

As noites em claro dos primeiros anos tomam outra configuração a certa altura da vida. No silêncio da casa, o abajur aceso dá conta de outras demandas. Ilumina o percalço dos dias, abençoando os caminhos difíceis. Mãe tem o poder da bênção, essa é outra canção linda que a gente pode entoar. Ao lado da dor mora também o amor, em quartos conjugados.

O que machuca também ensina, direciona, faz crescer. Filhos precisam voar, mesmo que de asas quebradas. Até alcançarem o sol, depois de tantos dias nublados. Esse é o melhor presente que uma mãe pode ganhar, independente do dia: felicidade de filho.

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Arquivado em: Filhos, Mães, Vida
Marcados com: crescimento, dor, filhos

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Comments

  1. Clara Feldman says

    29 de maio de 2022 at 23:13

    Ai ai ai, como dói ler esse texto lindo, filha. “Filhos precisam voar, mesmo de asas quebradas.” Mas até as asas se curarem, como dói o coração da mãe…e o da avó também, você sabe. Dor dupla, em dose dupla. Até que, com as asas recompostas, possamos ver o voo pleno, outra vez.

    Responder
    • Renata Feldman says

      1 de junho de 2022 at 19:17

      Ai, mãe. Essas três letrinhas são remédio pra dor. Dor dupla mesmo. Mas que acaba sendo subtraída quando é sentida junto.

      Responder
  2. Cidinha Ribeiro says

    18 de julho de 2022 at 06:11

    Meiguice, garra, ansiedade, doação, entrega, empatia, solidariedade…
    Quantos substantivos brotariam dessa crônica, se ela fosse lida apenas como literatura!
    Há muito mais nessas linhas escritas. Existem nelas um amor infinito e uma mulher delicada.
    Belo, Renata! E doce.
    Beijos, querida.

    Responder
    • Renata Feldman says

      31 de julho de 2022 at 20:01

      Ah, Cidinha!…
      Você captou bem: um amor infinito nessas linhas e entrelinhas.
      Que presente precioso ler cada palavra sua.
      Muito obrigada, querida!
      Abraço cheio de afeto.

      Responder
  3. Angela Belisario says

    18 de julho de 2022 at 12:49

    Olá, falou tudo, só que aqui ainda tem a ausência dos netos, aquela saudade que só é aliviada quando vê aquele rostinho sorrindo e chamando por vovó.
    Ai ai ❤️❤️❤️
    Beijos

    Responder
    • Renata Feldman says

      31 de julho de 2022 at 20:04

      Ai ai mesmo, Angela. Tenho ouvido no consultório, o tanto que saudade de vó doi.
      Amor com açúcar, dor de sal-dade.
      Beijos, minha querida.

      Responder
  4. Cristina Pires de Souza says

    18 de outubro de 2022 at 11:16

    Lindo!!

    Responder
    • Renata Feldman says

      23 de outubro de 2022 at 21:20

      🌹

      Responder

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