Foi logo ali, em janeiro. “Logo ali”, mas se bem que parece uma eternidade. Tanta coisa aconteceu nestes últimos quatro meses que nem sei. O “Feliz Ano Novo” que desejei e recebi lá atrás parece ter sido engolido por um furacão. No âmbito pessoal, comecei o ano perdendo de forma trágica uma pessoa muito querida. Depois vieram, em outros âmbitos, mais notícias ruins – uma cerveja contaminada, um dilúvio, agora uma pandemia.
Vamos começar tudo de novo? Feliz Ano Novo, salta essa parte ruim da história. Ahh, se fosse possível…
Voltando um cadinho em janeiro, antes do furacão, chego a este post. Foi lá na praia, num dia feliz e ensolarado, que este texto praticamente foi “escrito”. Quem me inspirou foi um casal de amigos de longa data, Luiz e Bia, vizinhos de prédio do início da minha vida de casada. Dois queridos. E foi lá naquela praia linda que esbarramos com eles, num daqueles pequenos momentos de grande felicidade: papo leve, descontraído, contação de casos, riso correndo solto. Quando perguntei do filho de 21 anos, a resposta veio cheia de orgulho, e me encantou:
– Vinícius tá virando gente grande! Foi participar de um processo de seleção de estágio numa grande empresa; vai escutando… Sabe aquelas perguntinhas básicas que vem no formulário de entrevista? A primeira era: “Descreva aqui suas maiores qualidades.” Sabe o que ele respondeu? (…) “Desembolo”.
– Desembolo?!?!, exclamei. Só isso?!
– Só nada, Renata. O diretor da empresa ligou pra ele, marcou uma entrevista e perguntou: “Me explica essa sua resposta. Desembolo?!” Ao que ele prontamente confirmou: “Sim, desembolo. Põe na minha mão que eu resolvo.”
O danado foi contratado, claro. Por dizer tudo, em apenas um verbo, mas o essencial. E naquele instante eu já tinha o post pronto na minha cabeça, além de um grande orgulho por aquele menino que eu praticamente vi crescer.
E você? Como tem desembolado sua vida? No auge dessa quarentena que deixou tanta coisa parada, embolada, no susto… a quantas anda sua criatividade, sua inventividade, sua prontidão em resolver as coisas? Seja um estágio, um emprego novo, um relacionamento, algumas gavetas, uma moda na cozinha, um livro inacabado, uma conversa transformadora, um horário na terapia, um curso à distância, um projeto solidário. Seja cuidar de você, olhar pra dentro, responder às perguntas que a vida anda te fazendo.
Desembola, querido(a) leitor(a). Desembola.
Jeanne says
Ah meu Deus… Esse 2020 tá fazendo a gente a “re”: rever, revisitar, replanejar, reestruturar, reforçar e sempre remar, remar, remar.
A dor nos ajuda a perceber que ainda estamos vivos. Esse janeiro não foi nada fácil. E que bom que minha família cruzou com uma “re”: Renata! ❤️ Vc é minha psicóloga e nem sabe! Grande beijo.
Renata Feldman says
Ah, meu Deus digo eu, Jeanne!… (!)
Sim, querida, remar sempre, porque o oceano é vasto é abundante, abundante de um amor que nos enche de força e coragem nas horas mais difíceis.
“A dor nos ajuda a perceber que ainda estamos vivos”, frase mais verdadeira e profunda essa sua. E como dói viver!…
Coisa mais linda seu comentário, me fez abrir um sorrisão. Que delícia saber que sou sua psicóloga “e nem sei”!… Pois agora eu sei, e ganhei o dia, fiquei muito feliz, você não imagina o quanto!…
Abraço “desembolado”, quentinho, cheio das melhores energias para você e sua família linda!
Cesar VIEIRA says
Tomara que consigamos desembolar, prezada Renata!
Renata Feldman says
Vamos conseguir sim, Cesar! Nó por nó!
Espero que esteja bem, assim como os seus queridos.
Abraço carinhoso!
Natan Rozenbaum says
Em tantas criações de ideias e verbetes para tentar explicar, justificar ou mesmo mitigar as situações que estamos vivenciando, surge uma nova:
” Desembola”
E bacana.
Simples mas certeira.
Gosto das coisas simples.
Elas são belas.
Renata Feldman says
Num é, Natan?
Simples assim, bonito assim, “Vinícius” assim.
Vamo que vamo, desembolar a vida por aí! E com muita coragem, que é o que ela quer da gente, já dizia Guimarães Rosa.
Uma alegria ter você aqui! Seja bem-vindo e volte sempre!
Jessica Machado says
Lindo texto, e muito incentivador!
Renata Feldman says
Que bom que gostou, querida. Assim você me incentiva também.
Abraço carinhoso, cheio de saudade!
Clara Feldman says
Ah, filha, que graça este texto! Tanto pelo seu jeito lindo de escrever como pela história – linda também! A vitória da simplicidade, da espontaneidade, da genuinidade…ganhou a vaga por ser, nada mais, nada menos, quem ele é! Parabéns para os dois, pra você e pra ele! 🌹
Renata Feldman says
E tem requisito mais lindo que esse?! Ser quem a gente é, ô coisa boa!… Feliz da empresa que contratou o Vinícius! E feliz dele também, que aprendeu a ser genuíno e autêntico desde cedo.
Obrigada, mãe!
Ana Helena says
Que texto lindo, Renata… desembolar sempre!!!
Mil beijos pra você!!
Renata Feldman says
Sempre, Ana Helena! Desembolar para a vida fluir melhor, sempre!
Muitos beijos, querida!
Vanda matos says
Adorei! Primeiro pq o Vinicius é meu afilhado e sobrinho, depois pq sei de suas qualidades, atencioso demais, carinhoso, e “ desembolado”! Só essas qualidades ele seria contratado em qq empresa! Parabéns Vinícius por já inspirar as pessoas por suas qualidades! Isso é maravilhoso!!!
Renata Feldman says
Imagino a sua emoção, seu orgulho e alegria de ter um afilhado assim tão “desembolado”, Vanda!… Num é pra qualquer um não, viu?!… Seu currículo de madrinha está mais que aprovado, com esse menino!
Parabéns!
Vanda matos says
S
DENIZE PESSALI says
Boa noite. Texto simplesmente Maravilhoso,um balsamo pra quem quiser ver, ser e sentir; instigante…….(Cutuca de maneira, digamos: de soslaio).
Amei.
Sou amiga da Bia, Boa,Bis e fiquei.feliz em saber esta Historia do Vinicius
Renata Feldman says
Muito obrigada, Denize! Amiga da Bia é minha amiga também.
Seja bem-vinda e volte sempre!
Angela Belisário says
Adorei o desembolo, eu também estou aqui tentando desembolar essa pandemia que embolou como o novelo de lã nas garras de um gatinho a minha ou melhor a vida de todos nós. Mas vamos em frente, que sairemos vitoriosos no final, e disso tudo só teremos experiências boas para contar.
Grande beijo.
Renata Feldman says
Tamo junto, Angela querida! Embola daqui, desembola dali! Essa pandemia enroscou todos nós, mas também acredito na força e transformação que virá dessa experiência.
Vamos que vamos!
Abraço carinhoso!
Beatriz Tavares Nogueira says
Querida Renata, como não me emocionar?…Mais um primoroso texto seu, porém, onde a inspiração veio de um papo descontraído, amigo, despretencioso e com alusões ao meu filho! Hahaha!
Com tanta delicadeza e notória doçura, qualidades inerentes a vc, fui presenteada!
Sorte a minha… por ter vc e o Vinícius! E vamos adiante, desembolando! Bj
Renata Feldman says
Quem diria, não é, Bia?! Que aquele dia de sol, de mar, de riso iria dar nisso. Mas é claro que ia! Como é bom encontrar vocês, escutar os “causos” e aprendermos tanto também!…
Se você foi presenteada, imagina eu!… Saí dali com as mãos coçando pra escrever, o e o coração abarrotado de felicidade por esse menino iluminado que eu vi crescer!
Abraço apertaaaaado, quentinho, em todos vocês!
Beatriz Tavares Nogueira says
💕