Quem tem filho adolescente tem também um filme (vencedor do Oscar!) que vira e mexe passa na telona do coração. “Vale a pena ver de novo”, se emocionar de novo, tantas e quantas vezes for preciso.
Ontem mesmo você alisava a barriga, colecionava sapatinhos de tricô, frequentava curso de gestantes (“Como dar banho”, “como curar o umbigo”, como aprender coisas que só se aprende mesmo na prática. Coisas que o amor ensina sempre, diária e incansavelmente, como bom e velho professor que é).
Outro dia mesmo você estava amamentando. Achou a coisa mais fascinante do mundo. Achou a coisa mais difícil do mundo. Outro dia mesmo você estava lá na escolinha, primeiro dia de aula, cordão umbilical se rompendo mais uma vez, de forma exposta e oficial. Você com o coração apertado, a criança com o coração largo de alegria, pronta para descobrir o mundo. E quando ela se foi de mãos dadas com a professora, sem ao menos olhar pra trás, sem ao menos dar tchau, você descobriu que era você quem precisava de adaptação.
O flashback é gigante, deliciosamente nostálgico e cheinho de efeitos especiais. Noites em claro, choro, birra, para-casa. Pediatra, curva do crescimento, limites, irmãozinho. No meio de tudo isso casamento, carreira, trabalho, individualidade. (Ufa. Dá trabalho.)
Num infinito de temas e enredos, a maternidade corre antagônica: dores e delícias, alegria e preocupação pra vida toda. As mães se doam, se culpam, se esgotam de tanto amar, pude confirmar na minha pesquisa de mestrado.
É, mãe. O tempo passou como num passe de mágica, você nem viu. O rebento esticou, aprumou, encheu o rosto de espinhas e a cabeça de indagações. Quase sem perceber, com a sua espontaneidade de sempre, você foi sendo promovida de mãe coruja a exímia fabricante de micos, para pânico do seu(ua) querido(a) adolescente.
Minha filha “pré-bem-vinda ao clube” me chamou para assistir “Fala sério, mãe!”, baseado no bestseller da Thalita Rebouças. Brinquei com ela: “Ih, você vai sair do filme falando ´Fala sério, mãe!´”. Rimos juntas e lá fomos nós para a fila da pipoca.
Saímos os três do cinema – pai, mãe e filha (o adolescente-mor estava viajando) —com a alma leve, fígado desopilado, algumas identificações feitas e (eu, claro) com algumas lágrimas pra contar a história.
Quem inicialmente não deu muito pelo filme (confesso) agora está aqui para recomendá-lo carinhosamente a você. Mesmo com todos os clichês, está aí um filme delicioso, leve e divertido que vai te conduzir, por associação e experiência própria, ao longa-metragem mais especial que você já produziu ou viveu um dia.
Cristiane says
É isso mesmo… E o tempo vai passando, sempre intenso, sempre especial!
Obrigada por mais esse texto tão verdade dentro de mim!
Renata Feldman says
Especial é o que a gente faz com o tempo, Cristiane. Como na cena do filme em que mãe e filha se lambuzam com um pote de sorvete, fazendo cada segundo parar!…
Fico feliz que esse texto tenha encontrado ressonância dentro de você!…
Cesar Vieira says
Obrigado e parabéns por mais este belo post, prezada Renata, que em seguida vou compartilhar com meus filhos e noras, pais de adolescentes.
Renata Feldman says
Muito obrigada, Cesar!
Fico feliz de saber que o meu post vai parar nas mãos de gente tão importante!
Espero que eles gostem!
Carlos Zech says
Que saudades destes seus textos leves como algodão doce, deliciosos como pipoca e exatos como momento sagrado com os filhos. Salve Renata , sua destreza em passar paz é uma dádiva…
Renata Feldman says
Ô, Carlos, que alegria ler cada palavra sua!…
Cada metáfora foi um passeio, me levou até a infância!… (“Olha o algodão doce! Que vai querer?…”)
E se passo paz, ganho um tanto dela de volta!… (Quer troca melhor do que esta?!)
Muito obrigada!
Heloiza Monteiro Rezende says
Grata Renata por nos presentear com tão sublimes palavras. Palavas estas que me fizeram “viajar no tempo” e relembrar momentos especiais.
Renata Feldman says
E tem” viagem” melhor, Heloiza? O tempo não volta, mas fica dentro da gente.
Abraço, querida!