Fechou a janela, tomou ar, foi se olhar no espelho. Vidro trincado, nudez revelada, algo se quebrara dentro dela.
Não se reconheceu ali, parada, ensimesmada, sem saber o que pensar a seu próprio respeito.
Chorou. Derramou sua dor sem música ou silêncio, sem maquiagem ou coragem, apenas chorou. Até embaçar o vidro.
“Espelho, espelho meu”, nem sequer te sinto como meu. Não me aproprio de mim mesma, muito menos de você, pare logo com essa mania de me plagiar.
Tudo o que ela queria era se olhar no espelho e parar de brigar com ele. Fazer as pazes, fazer graça, rir de si mesma um riso solto. Ajeitar o lado de fora porque o de dentro, só lamento.
Queria abrir um sorriso mas a alma estava fechada pra balanço. Ranço.
Ferida, moída, doía de tanto pensar. Sobrevivente de uma semente que não deu flor, catou o cobertor e tomou um copo de leite. Fome. Sede. Inanição.
“Espelho, espelho meu”, há neste mundo alguém mais triste
do que eu?”
Socorro, desse jeito eu morro. Chama a fada do dente, do cabelo, do coração, do corpo todo. Chama, urgente, um tanto de amor pra curar essa estima que caiu doente.
Vera Mesquita says
Nossa, Renata! Meu coração doeu!… Que bela preparação para a palestra de amanhã!…
Abraço carinhoso!
Renata Feldman says
Tristeza contagia a gente, Vera. Alegria também, a mesma que estou sentindo de te ver amanhã no meu Ciclo de Encontros.
Abraço carinhoso e até lá!
Flávia Almeida says
Oi, Renata!
Adorei a menção da fada do dente como influência de cura da autoestima.
Parabéns pela mensagem deste post. Desejo sorrisos belos para você.
Da sua fada do dente.
Renata Feldman says
Ah, Flávia querida!… Quem tem uma fada do dente como você não para de sorrir nunca.
Beijos gratos!