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Renata Feldman

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Quero ser Peter Pan quando crescer

11 de outubro de 2014 por Renata Feldman
8 Comentários. Deixe o seu também.

Tenho escutado algumas crianças dizerem que não querem crescer.

Às voltas com suas bolas, mochilas, bonecas, cadernos, patins, pelúcias, boletins e aviões de lego, vão aprendendo desde cedo que essa história de virar gente grande  não é brincadeira.

Fico me indagando o porquê desta síndrome de Peter Pan, primeira talvez de muitas angústias existenciais que ainda virão pela frente. Fadas, piratas, crianças de pijama voando em um céu estrelado; bala, chicletes, pirulito, jujuba; colo, aconchego, livro de história, guerra de travesseiros. Hum. Extremamente tentador esse  universo infantil, você que já teve infância é que o diga.

Mas talvez a dificuldade dos nossos pequenos Peter Pans não esteja apenas em largar mão de suas fantasias, do seu lúdico e convidativo oceano de aventuras. É que eles andam virando gente grande rápido demais. Agenda cheia, horários apertados,  “minivestibulandos” a caminho do sucesso, para-casas intermináveis, aulas de robótica, “um dois, feijão com arroz.” Sobra pouco tempo para ser criança. Sobra angústia de crescer antes da hora.

Talvez eles olhem para o lado, no sofá, e vejam naqueles em quem mais amam um modelo de gente grande bastante atarefada de ser: sempre correndo, um olho no relógio e outro vidrado no celular, gravata apertando o pescoço, atraso na porta da escola, cansaço estampado no rosto. Crescer para ficar assim? “Profissão Peter Pan”, sem discussão.

Talvez vivam numa bolha, superprotegidos por mães que não os deixam crescer. Aprisionadas pelo medo, controle,  trauma e a emoções trancadas, acabam aprisionando seus filhos também, cortando suas asas cada vez que eles ameaçam se aproximar das estrelas. Cadê você, Peter Pan,  quero voar.

Parênteses para um outro lado triste e sombrio de uma infância em preto e branco: crianças sem arroz nem feijão, mas bem familiarizadas com as balas, chicletes e jujubas que tem de vender no sinal de trânsito.  Sinal vermelho, infância vazia, se pudessem esses Meninos Perdidos também voariam para a Terra do Nunca.

E aí vem a vida para mostrar que o tic-tac do relógio faz sentido, faz presença, mesmo que às vezes nos engula, como fez o crocodilo com o Capitão Gancho. O tempo passa, as crianças crescem, os primeiros fios de bigode aparecem e as meninas entram para o rol da clássica propaganda “O primeiro sutiã a gente nunca esquece.” Perdem a infância e ganham novos espaços, estações, lugares no mundo. Ainda bem.

Crescer dói, mas faz parte e é de uma lindeza danada. Você não precisa virar Peter Pan nem congelar o tempo, mas pode cuidar para sempre dessa criança adormecida aí no peito. Tem hora que ela acorda. Tem hora que ela chora. Tem hora que faz pirraça, sapateia, pede colo. E ainda assim é a criança mais linda que você já viu na vida. Foi lá, bem lá, onde tudo começou um dia. Lá na noite mais estrelada do seu “era uma vez”.

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Arquivado em: Família, Filhos, Homens, Mães, Trabalho, Vida
Marcados com: crescimento, crianças, síndrome de Peter Pan, tempo

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Comments

  1. renata says

    12 de outubro de 2014 at 08:26

    Mais uma vez um lindo texto , super verdadeiro , parabens!

    Responder
    • Renata Feldman says

      12 de outubro de 2014 at 12:56

      Obrigada, Renata!
      Abraço carinhoso e um Feliz Dia das Crianças para a menina que mora dentro de você!

      Responder
  2. Maria de Lourdes Fonseca Chaves Lima says

    12 de outubro de 2014 at 10:18

    Seus textos são tocantes…tocam o íntimo de todos que leem e viajam nas suas palavras.
    Me emocionei e vi o quão duro é matar a criança que existe dentro de nós…vamos deixa-la
    viva e despertá-la naqueles momentos, que damos gargalhadas de bobagens, comemos sujando
    a boca, falamos e agimos de forma espontânea…isso nos equilibra e nos faz muito felizes!
    Obrigado por palavras tão belas e verdadeiras!

    Responder
    • Renata Feldman says

      12 de outubro de 2014 at 12:58

      Nossa criança interior pede vida eterna, Lourdinha!
      Fico feliz que tenha te tocado de alguma forma.
      Muito obrigada pelo carinho, e um Dia das Crianças cheinho de boas risadas!
      Beijos

      Responder
  3. Maria Inês Castanha de Queiroz says

    12 de outubro de 2014 at 11:42

    Renata querida, com leveza e profundidade, você abordou este tema tão atual é preocupante com beleza e aguçando a reflexão. Parabéns

    Responder
    • Renata Feldman says

      12 de outubro de 2014 at 13:00

      Obrigada, Maria Inês.
      Devo ter herdado essa leveza da minha criança…
      Abraço carinhoso, querida.

      Responder
  4. Cidinha Ribeiro says

    13 de outubro de 2015 at 19:00

    Pois é, Renata, o dia da criança deveria ser também do adulto. Dia de reflexão, como acontece no dia da pátria e no dia internacional das minorias.
    Quais são mesmo as necessidades de uma criança? Com certeza não é ser exibida nas redes sociais e, muito menos, acumular aquilo que estraga, quebra, vai para o lixo.
    Criança precisa viver em paz, ser amada, ter limites e ter pão. Viver em paz significa, também, não entrar nesse turbilhão de apelativos para vencer, ser o primeiro, ser o melhor. Deixem a criança descansar, respirar, deixem a criança brincar. Por favor, obrigada.

    Responder
    • Renata Feldman says

      16 de outubro de 2015 at 08:46

      Você disse tudo, minha cara Cidinha. As crianças agradecem. O mundo fica melhor. Muito obrigada pela linda contribuição! Abraço cheio de carinho

      Responder

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