Não. Nem luto oficial de sete dias. Nem todas as flores do mundo. Nem cem minutos de silêncio ou palavras proferidas. Nem mil microfones para gritar, chorar, denunciar a violência de uma dor que tomou tudo, devastou tudo. Cessou a música, derrubou sonhos, asfixiou a alegria, interrompeu lindas travessias de vida. Finda. Fenda. Venda nos olhos pra não ver um morrer tão gigantesco, consternado e doído.
Não. Nada apaga a tristeza, o vazio, a forma absurda desse fim.
Santa Maria. O nome da cidade também é evocação da mãe de Deus. Quantos não precisarão do seu colo e da sua luz nesse susto escuro?
Quando o socorro chegou, a música não mais se ouvia. Mas ao silêncio dos alvéolos rompidos juntou-se o som dos celulares tocando. Uma sinfonia high tech de chamadas não atendidas e telas coloridas pulsantes imploravam por um sinal de vida. Num só aparelho, mais de 100 chamadas não atendidas. Em mais de 200 corpos, a lastimável desconexão da vida. Na vida de quem fica, a perda completa de chão.
Santa Maria, rogai por nós.
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